sexta-feira, 20 de junho de 2014

Médico paciente de ELA se reune com CeO da Neuralsten para discutir ensaio com CT no Brasil



Por Antonio Jorge de Melo

A primeira vez que ouvi a palavra Neuralsten foi em 15/10/11, quando postei a matéria no link: 
http://falandosobreela.blogspot.com.br/2011/10/resultados-do-estudo-de-ela-em-12.html.
Desde então nunca mais tirei os meus olhos da Neuralsten. 

Acabo de ler um e-mail em que o Dr Hemerson Casado revela que no último dia 18 ele se encontrou com Mr Richard Gear, Presidente e CeO da Neuralsten. Segundo Dr Hemerson relata: "...estive agora a pouco em reunião com o Presidente do laboratório NeuralStem, Senhor Richard Garr. A reunião foi excelente e tanto eu quanto ele acreditamos que tanto um estudo fase II/III, como um estudo fase III e até mesmo um piloto fase II b é possível ser feito rapidamente...Ele colocou como condicionantes...um cientista capacitado, uma equipe treinada, uma boa equipe de Neurocirurgiões, uma clínica de pesquisas com um bom cadastro de pacientes, uma infraestrutura adequada e por última uma legislação favorável. Temos todos estes pré-requisitos e ele vê como muito otimismo um início rápido do estudo no Brasil."  

Com toda certeza é mais um um sonho que eu vejo se realizar na minha vida de paciente e ativista. Lembro-me que eu pedi a Dep Mara Gabrilli para estabelecer um contato com a Neuralsten após enviar para  ela diversas informações sobre a empresa. Isso foi em 2012: 
http://celulas-troncoja.blogspot.com.br/2012/05/carta-enviada-dep-fed-mara-gabrilli.html

Ela fez contato com a Neuralsten, obteve uma resposta, mas infelizmente a coisa não fluiu, Mas agora, finalmente uma nova esperança surge, e mais uma vez tendo um paciente como protagonista. Como não reconhecer o valor da sua luta e das suas iniciativas, meu caro Dr Hemerson?

Da mesma forma, sabendo que temos um médico e pesquisador do nível   do Dr Gerson Chadi (FMUSP), empenhado em realizar pesquisas com CT adultas em ELA no Brasil, tendo um projeto iniciado em 2010, falta-nos apenas sentarmos a mesa e esgotar todas as possibilidades de negociação com os tecnocratas do governo responsáveis pela liberação das verbas para pesquisas. 

Por tudo isso creio que o Dr Gerson Chadi é a pessoa mais adequada para conduzir todo esse processo, e nós pacientes e ativistas deveremos dar a ele todo apoio que for possível, necessário e oportuno.

Portanto, eu rogo a Deus para que nos de a capacidade e iluminação necessárias para que possamos conduzir todo esse processo de tal forma que no final todos logremos êxito em nossos objetivos, que não são pessoais ou egocêntricos, mas sim coletivos, tendo os pacientes de ELA e o direito a vida como razões para toda essa mobilização e iniciativa.


Um comentário:

  1. O Projeto Neuralstem para ELA (Neuralstem Cell Therapy for ALS) é de fato interessante. A sua utilização requer, entretanto, cuidados e análises especiais já em andamento nas esferas científica (aplicabilidade deste tipo de células em ELA), clínica (restrições, resultados prováveis e efeitos colaterais), cirúrgica (complexidade das injeções feitas diretamente no H cinzento da medula espinal), legal (legislação brasileira) e financeira (investimento expressivo necessário aos equipamentos cirúrgicos, manipulação das células para uso clínico e acompanhamento logístico dos pacientes tratados).

    As chamadas NSI-566 (células tronco da medula espinal humanas ) são clones gerados a partir de células retiradas da medula espinal de embriões humanos de 8 semanas. O processo todo é patenteado pela empresa.

    O Neuralstem desenvolve em ELA fundamentalmente 2 estudos Fase II nos EUA (aprovados pelo FDA), com resultados já apresentados em revistas científicas de Neurologia, e um estudo Fase I/II no México.

    O projeto ELA desenvolvido pela Faculdade de Medicina da USP, iniciado em 2010, é um projeto TRANSLACIONAL (Neurologia Translacional), pioneiro e único no Brasil. Um projeto desta natureza visa o desenvolvimento de alvos terapêuticos direcionados aos mecanismos específicos da doença descobertos pelo projeto.

    Neuralstem fala que as suas células produzem fatores neurotróficos, mas não os detalha. A FMUSP, num trabalho único no mundo, começa a saber quais são os fatores específicos que faltam aos neurônios motores dos pacientes na fase inicial da doença. Isto certamente abrirá portas para uma parceria tecnológica com empresas estrangeiras que geram clones de células tronco como é o caso do Neuralstem, ou de outras origens como as mesenquimais.

    A utilização de células tronco para ELA é uma possibilidade real a ser tentada, principalmente pelo fato da doença ser desprovida de tratamento medicamentoso eficaz. Esta premissa, entretanto, abre portas para a utilização inadequada e sem critérios das células tronco e por pessoas que sabem NADA sobre mecanismos neurodegenerativos e imunonomodulatórios no sistema nervoso central, como aliás aconteceu recentemente em algumas partes do mundo e mesmo no Brasil. Não podemos deixar os pacientes serem usados como simples cobaias de estudos.
    Esta é a razão pela qual Instituições sérias avaliam com muito cuidado todas as possibilidades, principalmente os efeitos colaterais, inerentes a todas elas.

    Todas as ações têm uma razão de ser, e o momento certo é o divisor de águas.

    A HC FMUSP acompanha um número grande de pacientes. O nosso carinho e agradecimento a eles é grande, principalmente pelo incentivo e ajuda que têm dado aos nossos projetos desde 2010. Assim, é nossa responsabilidade o estudo criterioso de todas as possibilidades e oferecer o que há de melhor no momento para os pacientes ELA nos seus diversos estágios de evolução da doença.
    Estamos confiantes que as melhores ações farão os melhores momentos chegarem mais rapidamente.

    É isto que tenho a dizer no dia mundial da ELA.
    Professor Gerson Chadi. 21/06/2014

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